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Teatro e Dança

CCBB Brasília é palco de Fim de Partida

Sob direção de Eid Ribeiro e baseado no texto de Samuel Beckett, o espetáculo traz o mundo sombrio vivido por dois palhaços: pai e filho.

Redação Jornal de Brasília

30/03/2024 15h44

Espetáculo Fim de Partida. Crédito: André Veloso.

Crédito: André Veloso

Eid Ribeiro, um dos mais relevantes artistas do teatro brasileiro, retorna a um dos mais conhecidos textos de Beckett, já levado aos palcos pelo diretor mineiro nos anos 1980. Ao revisitar “Fim de Partida”, Eid inova tendo, desta vez, dois palhaços da Trupe Garnizé como protagonistas: Francisco Dornellas e seu filho Victor. Completam o elenco, em participações especiais, João Santos e Marina Viana.

O espetáculo, em cartaz no Teatro do CCBB Brasília, cumprirá temporada até 21 de abril, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e domingo às 18h. Os ingressos, a partir de R$ 15 a meia-entrada, podem ser adquiridos na bilheteria ou no site. A peça não é recomendada a menores de 16 anos.

“Fim de Partida” busca provocar uma simbiose entre o personagem da ficção beckettiana e a linguagem da palhaçaria, com duas narrativas que percorrerão caminhos paralelos, mas que se identificarão em determinados momentos, praticando um jogo de ironia e escárnio, rindo do trágico destino traçado para a humanidade.

O espetáculo foi escrito por Beckett num contexto pós-catástrofes, após duas guerras mundiais. Sobre os destroços e os entulhos do nazifascismo, Beckett desloca o olhar sobre este plano de destruição e envenenamento social e escreve, entre 1954 e 1956, uma peça sobre as relações tóxicas, servis e parentais. No espaço fechado de um bunker, as duas personagens principais, Hamm e Clov, agem e dialogam num jogo de repetições próprio da comédia burlesca.

“Queremos mostrar que Samuel Beckett é um escritor e poeta visionário. À medida que o tempo a, sua criação se torna cada vez mais atual diante do mundo em que vivemos. E nada melhor que a sabedoria de um velho palhaço para narrar a sua história. Esperamos, assim, que o nosso Fim de Partida seja uma ode de amor ao teatro, como também demonstrar a possibilidade de enaltecer a vida através da arte."

Eid Ribeiro, dramaturgo, roteirista e diretor teatral

A nova montagem de Ribeiro traz um Beckett com tons de comédia, sem deixar de ser profundamente humano. Em cena, Francisco Dornellas (78) vive Hamm e contorna as dificuldades motoras e cognitivas ocasionadas por dois AVCs recentes sofridos pelo ator. Para superar os desafios, Chico conta com recursos tecnológicos e o auxílio do filho, Victor Dhornelas, que divide os palcos com seu pai desde a infância.

O resultado pode ser visto como um espetáculo que navega rumo ao acaso e à improvisação, mas com pontual elaboração em determinados momentos. “Enquanto o mundo caminha para a extinção, no premonitório planeta Beckettiano, onde os seres humanos não conseguem se comunicar apesar de falarem pelos cotovelos, o humor e o riso fazem parte dessa nossa tragédia. E nada melhor que ter ao lado a companhia de dois palhaços. Por que não? A estrada é longa, cheia de curvas e encruzilhadas onde podemos nos perder”, reflete o diretor.

Sobre Eid Ribeiro

Eid José Ribeiro Aguiar é um dos artistas mais relevantes da cena artística mineira e nacional. Nascido em Caxambu em 1943, o dramaturgo, roteirista e diretor teatral já dirigiu e escreveu para coletivos como Grupo Galpão, Grupo Teatro Delle Radici (Suíça), Grupo Trama, Cia Acômica e Grupo Armatrux. Também fundou o Grupo Geração, coletivo teatral que atuou na resistência à ditadura militar no Brasil, atuou como repórter e colunista de diversos jornais mineiros e fluminenses e foi curador e diretor de programação do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte.

Um dos artistas veteranos mais atuantes do cenário mineiro, Eid Ribeiro marca sua obra com um estilo inconfundível, que traz referências do teatro moderno norte-americano e europeu aos circos mambembes do Brasil; do experimental ao popular; do grotesco ao sublime; do existencial ao político. Como dramaturgo, seus primeiros textos foram escritos durante sua internação no Sanatório dos Bancários, por decorrência de uma tuberculose, onde fez teatro com outros internos. Ingressando posteriormente no Teatro Universitário, em 1965, Eid a a fazer parte de uma geração importante de autores que inclui nomes como Alcione Araújo e José Antônio de Souza. Desde então, seus textos já foram encenados por diversos grupos e diretores espalhados pelo país, vencedores de vários concursos e prêmios.

Fim de Partida
Até 21 de abril, de quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 18h, no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de Clubes Especial Sul). Ingresso: R$ 30 (inteira), e R$ 15 (meia para estudantes, professores, profissionais da saúde, pessoa com deficiência (e acompanhante, quando indispensável para locomoção), adultos maiores de 60 anos e clientes Ourocard), à venda no site e na bilheteria física do CCBB Brasília. Classificação indicativa: não recomendado a menores de 16 anos. Informações: fone: (61) 3108-7600.

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