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Teatro e Dança

A subversão da cidadania

Em “Hannah Arendt – Uma Aula Magna”, em cartaz no CCBB, Wotzik traz à cena a filósofa Hannah Arendt, em uma reflexão poderosa sobre civilidade, educação e os desafios da sociedade contemporânea

Naiobe Quelem

18/10/2024 5h00

Eduardo Wotzik, em Hannah Arendt - Uma Aula Magna. Crédito: Ricardo Brajterman

Eduardo Wotzik, em Hannah Arendt – Uma Aula Magna. Crédito: Ricardo Brajterman

Um dos grandes nomes do teatro brasileiro, Eduardo Wotzik, traz ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília sua interpretação da icônica pensadora política Hannah Arendt (1906-1975). Em “Hannah Arendt – Uma Aula Magna”, Wotzik atua, dirige e assina o texto, conduzindo o público a uma reflexão profunda e bem-humorada sobre as ideias e filosofia da pensadora.

O espetáculo, sucesso de crítica e público nas temporadas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, faz sua aguardada estreia em Brasília de 17 de outubro a 3 de novembro. Mais do que uma peça teatral, é uma provocação instigante que questiona noções de ética, cidadania e educação. A crítica Ana Paula Soares destaca que “a peça nos atinge de forma inesperada e nos transforma de dentro para fora”, reforçando o poder que o teatro de Wotzik tem de impactar.

Eduardo Wotzik, em Hannah Arendt - Uma Aula Magna. Crédito: Ricardo Brajterman
Eduardo Wotzik, em Hannah Arendt – Uma Aula Magna. Crédito: Ricardo Brajterman

Um Teatro de Ideias e Provocações

Descrita como “artivismo”, Hannah Arendt – Uma Aula Magna explora temas atuais e atemporais, como a banalidade do mal e o papel da educação. Com humor afiado e uma estética provocadora, o próprio Wotzik assume o papel de Arendt — com barba e salto alto — numa demonstração da liberdade criativa que só o teatro oferece. “O teatro é o lugar onde lembramos uns aos outros de que somos humanos”, afirma o diretor, que vê na educação o único caminho para preservar a humanidade.

Em suas palavras: “Vivemos todos um triste momento da história da humanidade, onde a ignorância se fez presente e, como um vírus, vem se transformando na nova peste da era contemporânea. Diante desse cenário, entendi que precisava tentar conter, com todas as forças que me restam, o avanço dessa epidemia trágica. Entendi também que devia usar para isso o instrumento que me foi dado pelos deuses do teatro 45 anos ados: a cena. E que seu único antídoto capaz de, sem violência, amenizar as dores e seus sintomas, é a educação. Peguei Hannah Arendt pelo braço, que topou na hora a missão, e aqui estamos.”

Eduardo Wotzik, em Hannah Arendt - Uma Aula Magna. Crédito: Ricardo Brajterman
Eduardo Wotzik, em Hannah Arendt – Uma Aula Magna. Crédito: Ricardo Brajterman

Para Wotzik, Hannah Arendt – Uma Aula Magna é uma apropriação do espaço cênico, onde ele convida o público a refletir sobre nossa noção de civilidade e cidadania. “Hoje o mundo inverteu, a sociedade está mais caótica do que nunca, caminhando em direção à barbárie, e nós aqui dentro do teatro, tentando organizar seus pensamentos”, reflete o autor e diretor.

Resistência em Cena

O texto, escrito durante um momento de crise política, ganhou ainda mais força após a pandemia, que segundo Wotzik, trouxe à tona questões latentes sobre a ascensão de regimes autoritários. “Esse texto é minha resposta a isso tudo: eu não morri, eles não conseguiram me silenciar. Meu artista saiu dessa mais vivo do que nunca”, destaca o ator.

Hannah Arendt – Uma Aula Magna
Até 3 de novembro, no Teatro do CCBB Brasília. De quinta a sábado, às 20h; domingo, às 18h. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Classificação: não recomendado para menores de 14 anos. Informações: (61) 3108-7600 | [email protected]

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