PARATY, RJ (FOLHAPRESS)
O emo vai bem, obrigado. Um subgênero do rock nascido na segunda metade dos anos 1980 com bandas punk como Embrace e Rites of Spring e inspirado pelo power-punk do Hüsker Dü, o emo -ou emocore, como era conhecido antes da abreviação- trazia letras confessionais e sensíveis sobre guitarras barulhentas. Os fãs do gênero se vestiam de preto, usavam franjinhas no cabelo e se conectavam emocionalmente com as histórias pessoais narradas pelas letras de seus artistas favoritos.
Mais tarde, bandas como Dashboard Confessional, Jimmy Eat World e My Chemical Romance fizeram imenso sucesso comercial explorando a estética e sonoridade do emo e apelando a garotas e garotos tímidos, sensíveis e calados.
Neste mês, o Brasil recebe o evento “Emo Vive”, que reúne três conhecidas bandas americanas -Anberlin, Emery e Mae-, além de ídolos nacionais como Fresno e Hateen e novos nomes da cena brasileira, como Def, Projeto Hare, Boasorte e Morro Fuji.Após um show em Porto Alegre na última quarta-feira, as apresentações acontecem nesta sexta-feira (6) na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e no final de semana na Audio, em São Paulo.
O nome mais famoso do line-up é o Anberlin. Formado na Flórida, em 2002, o grupo já lançou nove LPs e vem ao Brasil com um show especial celebrando os 20 anos de seu segundo disco, “Never Take Friendship Personal”. O Anberlin é frequentemente citado como uma “banda cristã”, tendo lançado os primeiros LPs pela gravadora americana Tooth and Nail, especializada em rock cristão e “música de mensagens positivas”.
Há dois anos, o cantor do Anberlin, Stephen Christian, anunciou que estava deixando as turnês e ou a ser substituído em shows por Matty Mullins, cantor do grupo Memphis May Fire. Mullins tem 36 anos e é uma década mais novo do que os integrantes do Anberlin, banda que ele acompanha desde que era adolescente. “É incrível eu estar cantando numa banda que formou meu caráter e meu gosto musical”, diz Mullins, de Nashville, estado americano do Tennessee, onde mora. “Estou louco para cantar no Brasil, um país onde o público é tão entusiasmado que todas as bandas que conheço amam se apresentar aí.”
Mullins diz que o disco de estreia do Anberlin, “Blueprints for the Black Market”, de 2003, foi um marco para ele. “Minha família era muito religiosa, meu pai é um pastor batista e ele e minha mãe só me permitiam ouvir música cristã. Minha mãe chegou a quebrar um CD do Metallica que ela achou embaixo do meu travesseiro. Mas quando mostrei para eles os lançamentos da Tooth and Nail e expliquei que aqueles discos, apesar de soarem agressivos, só traziam mensagens positivas, eles me deixaram ouvi-los, e isso mudou minha vida. ei a amar bandas como MxPX, Plankeye, Ghoti Hook e o próprio Anberlin”.
A religiosidade da família impediu que o adolescente Matty conhecesse bandas que ou a irar depois de atingir a maioridade, casar e sair de casa, como Rancid, Nirvana e Mudhoney. “Sei que demorei a conhecer artistas que meus amigos, cujas famílias não eram tão severas, conheceram bem antes de mim, mas vejo isso pelo lado positivo: estou sempre conhecendo bandas e discos que são novos para mim”.
Mullins se diz muito agradecido pela chance de fazer parte simultaneamente de duas bandas famosas, Anberlin e Memphis May Fire. “Meu calendário é uma loucura e ainda estou me adaptando à vida em dois grupos diferentes. Mas todo o esforço tem sido compensado pela alegria que é subir num palco com essas duas bandas. Eu era um fã do Anberlin que agora tenho a chance de conviver diariamente com os caras. Eu os amava como artistas e agora os amo como pessoas.”
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AMBERLIN NO FESTIVAL EMO VIVE
– Quando Sáb. (7), às 16h
– Onde Av. Francisco Matarazzo, 694 – São Paulo
– Preço A partir de R$ 310
– Link: https://audiosp.com.br/1232-emo-vive