Menu
Exposições

Tadeu Jungle transforma palavras em imagens em exposição de suas obras

Jungle é artista plástico e um dos pioneiros da videoarte no Brasil desde os anos 1980

Redação Jornal de Brasília

18/02/2025 8h55

tadeu jungle art

Foto: Divulgação


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Quem caminha pelas ruas de São Paulo talvez já tenha visto um pequeno adesivo vermelho que diz “você está aqui” em letras brancas colado num poste, na porta de um ônibus ou numa lixeira. A mesma frase foi ampliada em tamanho gigantesco e ocupou oito andares na fachada lateral do prédio do Museu de ArteContemporânea da USP, na pandemia, numa das maiores impressões de poesia visual já feita.

Aparentemente singelo, este quadrado rubro é talvez o trabalho mais conhecido de Tadeu Jungle. A obra reúne forte apelo imagético e uma frase que faz pensar, dois elementos centrais na obra do artista, um obcecado por dar visualidade às palavras, transformar os vocábulos em algo além do texto, seguindo a tradição da poesia concreta de Augusto de Campos e Haroldo de Campos.

Não por acaso, “Você Está Aqui” é uma das âncoras da exposição que reúne trabalhos dos quase 50 anos de carreira de Jungle, no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo, com visitação a partir desta quarta. A frase, como o espectador vê na mostra, virou também um relógio, perdendo a sua conotação de espaço para indicar o tempo, e um meme durante a pandemia -“você está em casa”.

Com cerca de cem poemas, 30 vídeos e duas músicas, a exposição mostra a produção de Jungle mais como artista plástico e menos como videomaker, embora ele tenha sido um dos pioneiros da videoarte no Brasil, nos anos 1980. “A ideia é colocá-lo dentro do campo das artes visuais”, afirma o organizador e curador da mostra, Daniel Rangel, citando contemporâneos de Jungle como o músico Arnaldo Antunes e o artista gráfico Walter Silveira.

Jungle, de 65 anos, conta que coloca as palavras no espaço e dá a elas um corpo, como por exemplo na obra que intitula a exposição, um neon onde lemos “tudo pode” em letras grandes e, embaixo, bem menor, “perder-se”. O aforismo que subverte os manuais de autoajuda também foi transformado num adesivo no qual “perder-se” está escrito tão pequeno que chega a ser invisível.

Outra seção de destaque na mostra é a série “Faz de Conta”, a mais recente do artista, feita no ano ado, na qual ele parte da expressão infantil “agora eu era” para produzir bandeiras, tapeçarias e bordados que brincam com a imaginação. “Agora eu era o Batman” estampa uma bandeira em preto e amarelo, com a frase escrita com letras que lembram o logotipo do homem-morcego.

A exposição resgata ainda os primeiros trabalhos do artista, de quando, com pouco mais de 20 anos, ele fazia dos muros da cidade a sua tela, correndo o risco de ser preso pela ditadura, ao pichar “ora h” e “tiganho gatinha” por São Paulo. Seus escritos eram poéticos, não políticos, ele faz questão de frisar. “Era onde dava para publicar. Não tinha internet.”

TUDO PODE (PERDER-SE)
Quando De 19 de fevereiro a 20 de julho. De ter. a dom., das 10h às 20h
Onde Centro Cultural Fiesp – av. Paulista, 1.313, São Paulo
Preço Grátis

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado