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Cinema

MPDFT e Fiocruz levam jovens pesquisadores sociais para evento no Cine Brasília

Projeto “Territórios da Construção de Si” marca presença na 1ª Mostra de Cinema Antimanicomial Raquel França e reforça protagonismo juvenil na luta por políticas públicas inclusivas

Redação Jornal de Brasília

28/05/2025 16h48

Foto: Divulgação/MPDFT

Foto: Divulgação/MPDFT

Adolescentes e jovens com idades entre 14 e 21 anos que integram o projeto “Territórios da Construção de Si – Processos de desinstitucionalização de jovens e adolescentes pela maioridade” participaram ativamente da 1ª Mostra de Cinema Antimanicomial Raquel França, realizada entre os dias 16 e 18 de maio, no Cine Brasília. O evento reuniu usuários da saúde mental, pesquisadores, artistas e representantes de movimentos sociais para debater a reabilitação psicossocial e o enfrentamento à lógica manicomial.

O grupo de jovens pesquisadores sociais foi convidado a integrar as ações públicas em defesa da Luta Antimanicomial no Distrito Federal, consolidando sua trajetória de envolvimento com temas ligados à saúde mental, direitos humanos e políticas públicas. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Fiocruz Brasília, por meio do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (Nusmad), e a Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude (PJIJ) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

A mostra leva o nome de Raquel França, jovem que faleceu em um hospital psiquiátrico do DF na noite de Natal de 2024. Ao batizar o evento com seu nome, os organizadores prestaram uma homenagem simbólica às inúmeras vidas perdidas em contextos de institucionalização forçada. “Chamar a mostra de Raquel França é prestar solidariedade e homenagem a todas essas ‘Raqueis’, a todas essas vidas perdidas”, afirmou Luiz Alberto de Souza Junior, coordenador da iniciativa.

Juventude protagonista na cena pública

Os adolescentes do projeto vêm se destacando pela atuação crítica e criativa em espaços públicos. Desde sua participação nas Conferências Distritais e na 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental, o grupo já promoveu oficinas de audiovisual, produziu um mini documentário em parceria com a TV Pinel e ocupou a tribuna da Câmara dos Deputados em uma ação pioneira de advocacy.

Durante a mostra, o grupo estabeleceu diálogo com a instalação “Morar em Liberdade” — também fruto de parceria entre a Fiocruz Brasília e a TV Pinel — que resgata as memórias de pessoas que viveram por décadas em hospitais psiquiátricos e hoje reconstroem suas vidas por meio das Redes de Atenção Psicossocial. Ao relacionar essas histórias com suas próprias experiências de acolhimento institucional, os jovens aprofundaram reflexões sobre liberdade, pertencimento e cuidado.

“A presença desses adolescentes em eventos como esse é uma oportunidade de se reconhecerem como sujeitos da luta por direitos. Quando isso acontece no Cine Brasília, um símbolo cultural da capital, a vivência se transforma em exercício de cidadania”, destacou a promotora de justiça da PJIJ, Luisa de Marillac.

Formação crítica e construção de novos horizontes

A participação na mostra integra o processo formativo do projeto, que atua na construção de sentidos críticos sobre acolhimento, institucionalização e desinstitucionalização. O grupo esteve acompanhado por Fernanda Severo e Lorena Padilha, do Nusmad/Fiocruz Brasília, e Márcia Caldas, assessora técnica do MPDFT. Também marcaram presença na mostra representantes do Conselho Regional de Psicologia do DF, parlamentares, cineastas, usuários dos CAPS, trabalhadores da economia solidária e movimentos da Luta Antimanicomial.

De 2021 a 2024, o projeto “Territórios da Construção de Si” ouviu cerca de 100 jovens acolhidos em abrigos do DF, promovendo rodas de conversa, oficinas e escutas sobre temas como autonomia, saúde, moradia, trabalho e educação. Mais do que levantar dados, a proposta buscou promover a participação desses adolescentes na formulação e monitoramento de políticas públicas.

A experiência da juventude acolhida na Mostra de Cinema Antimanicomial evidencia que a luta pela saúde mental e pelo cuidado em liberdade também a pelo fortalecimento do protagonismo juvenil, da cultura e da memória crítica. Como aponta o projeto, construir políticas públicas com e a partir dos jovens é afirmar novos horizontes possíveis de vida, cidadania e inclusão.

Com informações do MPDFT

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