“O sofrimento é muito intenso. Se a gente não tem ajuda, não consegue organizar os pensamentos e seguir vivendo”. O desabafo é da técnica istrativa Andrea (nome fictício), 55, que teve sua vida e carreira impactadas pela violência doméstica. Ao perceber que estava em um relacionamento abusivo, procurou ajuda médica e foi encaminhada ao atendimento no Centro de Especialidades para Atenção às Pessoas em Situação de Violência (Cepav) Margarida, da Secretaria de Saúde (SES-DF).
Seis anos depois, Andrea consegue falar sobre o assunto, mas ite que a sensação de segurança ainda não está totalmente restabelecida: “O apoio das psicólogas e das rodas de conversa foi fundamental para ganhar confiança e entender que eu precisava de ajuda”. Hoje, Andrea mora no Riacho Fundo com o filho e afirma que precisou trocar de casa e modificar sua rotina para seguir em frente.
A decisão de buscar auxílio é um ato de coragem, e as consequências e os traumas da violência podem acompanhar a vítima para sempre. Especialista e chefe do Núcleo de Prevenção e Assistência a Situações de Violência (Nupav) da Região Central de Saúde, Sônia Inácio afirma que a violência tem aumentado de forma geral, e não escolhe lugar nem classe social.
“Treinamos profissionais de todos os níveis de atenção na SES-DF para que estejam alertas e sempre notifiquem casos suspeitos ou confirmados. Há toda uma estrutura em constante vigilância”, assegura a gestora.
Assistência especializada
A SES-DF atua há 28 anos na atenção a pessoas em situação de violência, garantindo acolhimento e cuidados de saúde. Atualmente, a assistência ocorre por meio dos Cepav, que oferecem atendimento ambulatorial a crianças, adolescentes, adultos e idosos vítimas de violência sexual, familiar e doméstica.
Os serviços funcionam em sistema de porta aberta, com agendamento feito pelo próprio usuário, presencialmente ou por telefone. Na unidade, a equipe multidisciplinar realiza um acolhimento humanizado, com escuta qualificada, para entender a situação dos pacientes e identificar os cuidados necessários.
A partir dessa avaliação, inicia-se a primeira fase do tratamento, que consiste em fornecer assistência individual agendada. Todo este e faz parte da Rede de Atenção às Pessoas em Situação de Violência do DF (RAV), criada em 2023.
“Nossa rede desempenha um papel fundamental na identificação, acolhimento e acompanhamento das vítimas, proporcionando uma assistência humanizada e especializada, que visa contribuir para o fim do ciclo da violência e garantir o o a direitos e serviços essenciais”, afirma a subsecretária de Saúde Mental, Fernanda Falcomer.
“Treinamos profissionais de todos os níveis de atenção na SES-DF para que estejam alertas e sempre notifiquem casos suspeitos ou confirmados. Há toda uma estrutura em constante vigilância”, afirma a chefe do Nupav da Região Central de Saúde, Sônia Inácio
Origem solidária
A Rede de Atenção é fruto de um trabalho mais antigo, iniciado em 1997, quando surgiu o primeiro programa voltado à proteção de crianças vítimas de maus-tratos. “Ele tinha nome de flor, era o Programa Violeta, e funcionava no Hospital Regional da Asa Sul (Hras), hoje Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib)”, lembra a assistente social da SES-DF Elizabeth Maulaz.
Nos anos seguintes, outras iniciativas foram criadas: “Com o tempo, desenvolvemos novos programas, formando o ‘Flores em Rede’, composta por 17 unidades especializadas espalhadas pelo DF, cada uma com o nome de uma flor. Em 2019, os serviços foram ampliados e aram a atuar como Cepav, garantindo uma estrutura mais sólida”.
Os serviços ofertados pela SES-DF são gratuitos e íveis a toda a população do DF. Confira aqui os locais e horários de funcionamento das unidades do Cepav, e saiba onde e como buscar ajuda.
*Com informações da Secretaria de Saúde (SES-DF)