FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta terça-feria (3) que a violência cotidiana, de formas físicas e psicológicas, a que ele e seus colegas da corte estão sujeitos é maior do que se imagina e a maior das sanções sofridas pelos magistrados.
Dino deu as declarações ao responder sobre as expectativas em relação a uma possível retaliação do governo dos Estados Unidos a membros do STF em resposta a julgamentos contra aliados da gestão de Donald Trump.
“Acho que a sanção mais aguda que a gente sofre é a sanção cotidiana da violência física, psicológica, simbólica sobre nós e nossas famílias. Que é muito maior do que qualquer um possa imaginar”, afirmou durante evento da revista Piauí.
O ministro afirmou que tem dois filhos pequenos e que, quando um dele tinha três anos (e Dino era governador), presenciou um indivíduo gritando ofensas a ele e gravando o momento com o celular. Com o tempo, diz Dino, o garoto aprendeu a criar uma “programação” que se acostumou a esses momentos.
“Essa é a sensação que mais incomoda. E todo mundo [entre os ministros] teria uma história para contar. Eu tenho dez”, afirmou.
Apesar disso, ele afirma que ninguém vai deixar de julgar o que tiver que julgar por conta das ameaças, em referência indireta às possíveis medidas dos Estados Unidos. “Realmente eu não vejo ninguém preocupado com isso a sério”, disse.