Gente, estou aqui fazendo um cardio na bike da academia aqui do bairro, enquanto espero a minha personal trainer chegar para iniciarmos o nosso treino, quando minha amiga do Cosme Velho me manda um áudio comentando sobre o Marcello Antony.
Acontece que o ator cedeu uma entrevista para a Veja, onde ele relatou como foi o processo de adoação do seu filho, Francisco:
“Estava em uma entrevista outro dia e acabei comentando, muito rapidamente, que adotei um de meus filhos sabendo que era portador do gene do HIV. Isso repercutiu mal, de forma errada mesmo, como se eu estivesse expondo o Francisco. Nunca quis abrir o assunto antes, apesar da história já ter mais de duas décadas. Achei, porém, que tanto tempo depois havia chegado o momento.”, iniciou o ator.
“Meu filho tem 22 anos, está grande e maduro, e a minha ideia é justamente quebrar um tabu e incentivar as pessoas a adotarem, sem se importar com a condição da criança, pois a maioria quer um bebê perfeito, coisa que não existe. A mãe biológica do Francisco era soropositiva e assim ele nasceu, embora nunca tenha desenvolvido a doença. A gestação foi toda bem acompanhada e não houve amamentação — tudo para preservar o menino. A ciência evoluiu e, hoje, é mais fácil verificar as chances de um recém-nascido seguir com o vírus no organismo. São três testes. Quando ele veio para casa, ele só havia ado por apenas um desses testes e não tínhamos ideia do que nos aguardava.”
O ator disse que ele e sua esposa na época, a atriz Monica Torres não conseguiam engravidar por conta de uma incompatibilidade sanguínea. Eles aram por cinco gestações, mas nenhuma delas foi adiante. Então, eles decidiram adotar uma criança.
“Jamais falei da força espiritual de nosso encontro, como se fosse algo de vidas adas. Do lado mais psicanalítico, me projetei nele, uma criança desamparada precisando de acolhimento, sentimento que eu próprio trato na terapia. Na época, era casado com a Mônica Torres e nós tínhamos uma incompatibilidade sanguínea para gerar bebês. Cinco gestações não foram adiante, uma delas com três meses. Perdia, engravidava, perdia de novo, e a gente tentava. Fizemos de tudo para ter um bebê, recorremos a várias técnicas, mas não foi possível. Então, decidimos partir para a adoção. Eu estava fazendo a novela Mulheres Apaixonadas, na Globo, quando começamos a visitar orfanatos. E amos pelo curso da Vara da Infância e da Juventude no Rio para entrar legalmente com o pedido.!
Uns seis meses depois, Mônica foi visitar um orfanato sozinha e me disse que havia gostado de um garoto.
“Olha, tem um menino lá que você deveria conhecer”. Ela me disse que ele apresentava alguns probleminhas, sempre chorava e tal, mas o olho dele era verde e ninguém o queria porque a mãe era soropositiva. Resolvi ir lá para ver. Cheguei de noite e, como estava no auge da exposição na TV, havia um esquema preparado para não causar tumulto. Então, as funcionárias do orfanato fizeram de tudo para que Francisco não dormisse, à minha espera.”
“Eu fiquei pensando o que faria caso decidisse não adotar a criança, uma situação bastante complicada. Só que, quando bati os olhos no menino, me veio algo que não tem explicação, do tipo: “Cara, onde você estava esse tempo todo?”. Me vi encantado com aqueles olhos verdes e sabia que não poderia abandoná-lo. Aí brinquei: “Onde devo ? Posso levar para casa?”. A mulher do orfanato assentiu e segurei que o levasse para ar um fim de semana comigo. “Na segunda você traz ele de volta”, ela disse.”
“Como era uma criança com o gene do HIV, ninguém a queria. O desembargador agilizou a papelada e, em um mês, já era meu filho legítimo. Rápido demais, dadas as circunstâncias. Um processo desses costuma levar anos. Nos primeiros dias, o médico chegou a me indagar se eu tinha certeza, se não era o caso de virar tutor dele. Eu poderia me arrepender depois, argumentou. O que ele não entendeu é que nada disso importava — Francisco já era meu filho.”, disse Antony.
“Hoje moramos em Lisboa, onde ele trabalha como auxiliar de cozinha numa rede de comida natureba e está prestes a virar o o chefe de todo o staff. Dos meus cinco filhos e filhas, ele é o único que mora sozinho. Está com ótima saúde e vem criando casca, descobrindo sua independência. Um pouco mais para a frente, planeja se mudar para a Itália, estudar em uma escola de gastronomia e se transformar em um grande chef.” concluiu.