Rosana Jesus
[email protected]
A pintura faz parte da vida de Marta Oliveira há 11 anos. Foi por meio do irmão mais velho, que a artista conheceu a arte em azulejo e se apaixonou. Aos 33 anos, a artista conta que pintar de maneira instantânea faz parte de sua vida, e que não conseguiria se imaginar em outra profissão. Além disso, Marta afirma ser uma forma de conhecer histórias e pessoas diferentes a cada dia.
Com a técnica trazida da Argentina, por um amigo de um dos irmãos, que também pratica a pintura, a artesã diz que considera a pintura em azulejo como a arte da sobrevivência. “Eu adaptei a técnica ao meu jeito de trabalhar, por mais que eu tenha a referência do colega argentino”, conta, e completa: “Creio que tenho o dom, por isso sou tão dedicada e apaixonada pelo que faço”, acredita.
Os desenhos em azulejo são a única renda de Marta. É com esse trabalho que ela paga o aluguel, sustenta os três filhos e mantêm a casa. A artista relata que ter um carro e ter a própria moradia é um dos maiores sonhos. “Espero um dia consegui todos os meus objetivos trabalhando apenas com o que gosto”, considera.
Mas nem tudo são flores, mesmo sendo reconhecida por seu trabalho, Marta relata, ainda, sofrer com o racismo e a injúria racial. “Ofereço meu trabalho nos bares e restaurantes, às vezes chego nas mesas, sou educada, cumprimento as pessoas e mesmo assim sou recebida com um ‘não'”. Ela também acrescenta que só queria ser olhada sem diferença. “A gente sabe quando é vista de maneira negativa”, critica.
Por outro lado, a artista que ainda sonha em abrir um ateliê, diz que alguns acontecimentos servem de incentivo para dar continuidade ao trabalho dos sonhos. “Uma vez fiz uma pintura para um casal estrangeiro que visitava o Brasil, mas eles não podiam pagar, então eu os presenteei. Eles ficaram tão felizes com meu gesto, que até choraram.”
“Tenho vontade de aprender novas técnicas e abrir meu próprio negócio para ensinar pintura a crianças. Não posso guardar esse talento só para mim. Quando ensinamos, automaticamente aprendemos mais”, acredita. Marta frisa que teve firma registrada por um tempo mas ou algumas dificuldades que não a permitiram continuar. “Em breve, pretendo regularizar a empresa e trabalhar com tudo certo”, finaliza.