Irmão mais novo de Zezé e de Aymoré Moreira, ele foi o montador do maior Cruzeiro de todos os tempos, o de Piazza, Zé Carlos, Natal, Dirceu Lopes e Tostão, entre outros que conquistaram a Taça Brasil-1966, mandando 6 x 2 no Santos, no Mineirão, e virando, no Pacaembu, 0 x 2, para 3 x 2, arranhando a coroa do “Rei Pelé”.
Ayrton Moreira (a imprensa usava o “i” em lugar do “y”) viveu no clube que não tinha importância e nem nome nacional uma das histórias mais esquisitas do futebol brasileiro. Antes de ir para a boca do túnel, ele era superintendente da sede campestre cruzeirense. Chamado a quebrar o galho como treinador, em 1964, ele lapidou uma geração que encantou o país. Além de carregar a Taça Brasil-1966, vencera, também, os Estaduais mineiros daquele ano e do anterior. Veio a temporada-1967 e os cruzeirenses mandaram 4 x 2 sobre o maior rival, o Atlético, durante a campanha do tri. Apresentando um quadro de pressão muito alta, Airton foi intimado por seu médico a fazer um repouso absoluto por 30 dias. Como a “Raposa” estava dois pontos distante do “Galo”, ele aceitou, sem discutir.
O que fez o diretor Carmine Furletti? Chamou o ex-atleta cruzeirense Orlando Fantoni, que vinha sendo superintendente do Departamento de Futebol do clube, para substituir, interinamente, Aírton. Pelos últimos 17 anos, ele havia sido treinador na Venezuela e ganho 14 campeonatos nacionais. E enquanto Airton recuperava-se, sua direção cravou Cruzeiro 4 x 0 Democrata; 7 x 1 Araxá; 6 x 1 Usipa; 0 x 0 América-MG e 3 x 3 Atlético-MG. Vencida a interinidade, Aírton Moreia reapresentou-se para reassumir o seu trabalho e armar o time que enfrentaria o Formiga. Foi então que uma reunião secreta dos dirigentes celestes decidiu que o trabalho do Moreira não interessava mais, pois Fantoni havia obtido cinco vitórias, com o time marcando 20 e sofrendo apenas cinco gols. Aírton chamou os diretores que o afastaram de traidores e só depois de muita conversas assinou a rescisão contratual, pois o clube não queria pagar a multa prevista pela sua dispensa.
Nascido em 31 de dezembro de 1917, em Miracema-RJ, Ayrton Moreira viveu por 57 anos, até 22 de novembro de 1975. Como atleta, atuou pelas décadas de 1930/40, defendendo Bonsucesso, Atlético-MG, Aeroporto de Sete Lagoas-MG, Botafogo-RJ e Náutico-PE. A carreira de treinador foi iniciada em 1946, pelo Metalusina-MG. ou por Tupi e Sport, ambos de Juiz de Fora-MG, Bangu, Atlético-MG, Villa Nova-MG e América-MG, até chegar, pela primeira vez, ao Cruzeiro, em 1957. Ficou por duas temporadas e retornou ao “Galo”, para reiniciar una novaa fase cruzeirense entre 1964 a 1967.Após ter sido demitido, injustamente, do clube que projetou no futebol nacional, Aírton ainda trabalhou para o Atlético-MG (1968), Bela Vista-MG, Valério-MG, Villa Nova-MG e fez o seu último trabalho, em 1975, como auxiliar-técnico no mesmo Cruzeiro que o levou ao céu e ao inferno.