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Zorra Total no Timão: nem o Corinthians sabe quem manda no Corinthians

Corinthians já ou por crises, nenhuma se iguala à atual. Em 114 anos de história, o caos nunca foi tão institucionalizado

Marcondes Brito

01/06/2025 7h59

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Reprodução/Montagem

Tente explicar para um jogador que ganha R$ 1 milhão por mês que ele precisa entrar em campo focado, sereno, vestir a camisa do Corinthians e honrar o clube no Campeonato Brasileiro. Agora tente fazer isso quando ninguém – nem no clube, nem fora dele – sabe quem está no comando. É isso. O Corinthians vive um dos episódios mais confusos e vexatórios de seus 114 anos de história.

No sábado (1º), cenas surreais marcaram mais um capítulo do imbróglio político no Parque São Jorge. Augusto Melo, presidente afastado após um processo de impeachment em 26 de maio, apareceu de volta à sede do clube, com base em um parecer da Comissão de Ética que, segundo ele, lhe devolvia o cargo. Acompanhado de apoiadores, invadiu a sala da presidência, no quinto andar, afirmando: “Sou o presidente eleito pelo Conselho Deliberativo”.

Do outro lado da porta, o presidente interino, Osmar Stabile, se recusava a sair. Alegou que sofreu invasão, cárcere privado e constrangimento ilegal. A Polícia Militar esvaziou a sala sem confrontos, mas o estrago institucional já estava feito. Cerca de 50 pessoas participaram da confusão.

O episódio foi embalado por um vídeo publicado pela Central do Timão, no qual Douglas Deúngaro, o “Metaleiro”, ex-presidente da Gaviões da Fiel, convocava torcedores ao local. O próprio Augusto Melo anunciou que também iria à delegacia para registrar boletim de ocorrência por ameaças. “Foram eles que provocaram”, afirmou.

Para completar o teatro de absurdos, a conselheira Maria Angela de Souza Ocampos discursou como nova presidente do Conselho Deliberativo, alegando que substituiu Romeu Tuma Jr., afastado por decisão da Comissão de Ética desde abril — decisão essa que só agora, dois meses depois, foi oficializada em ofício. E foi essa “mudança no comando” que deu base para a tentativa de retorno de Augusto Melo.

Mas tudo isso é rejeitado por quem ocupa, de fato, os cargos. Leonardo Pantaleão, ex-diretor jurídico do clube, resumiu: “Augusto não retornou à presidência do Corinthians”.

O clube, que sempre foi palco de paixões, agora virou palco de disputas internas descontroladas. Em meio a ofícios, pareceres, vídeos de torcida organizada e acusações de cárcere privado, o Corinthians parece perdido em sua própria estrutura de poder. Se é que ainda há alguma.

Enquanto isso, o time segue em campo, sem saber quem é seu patrão, seu gestor, seu comandante. Se o Corinthians já ou por crises, nenhuma se iguala à atual. Em 114 anos de história, o caos nunca foi tão institucionalizado.

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