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Tudo o que você precisa saber sobre Diego Fernandes, o ‘atravessador’ da contratação de Ancelotti

Mesmo sem ser empresário inscrito na FIFA, ele vai ganhar R$ 7,7 milhões de comissão pela intermediação do negócio com a CBF

Marcondes Brito

31/05/2025 6h17

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Reprodução

A contratação de Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira pode ter começado com pompa e prestígio, mas virou motivo de embaraço internacional para a CBF. Isso porque a FIFA acaba de notificar oficialmente a entidade brasileira cobrando explicações sobre a atuação do empresário Diego Fernandes, apontado como intermediário do acordo — sem possuir licença para atuar como agente de futebol.

A notificação da FIFA

O ofício, enviado no dia 28 de maio à CBF, é direto: a FIFA quer saber qual foi exatamente o papel de Diego Fernandes na negociação com Ancelotti e se houve violação ao artigo 5 do regulamento de agentes da entidade. Fernandes não tem registro como agente licenciado e, portanto, sua atuação nesse tipo de transação internacional pode configurar infração grave às normas da federação internacional.

No documento, a FIFA exige: 1)- Um posicionamento formal da CBF sobre o caso; 2)- Cópias de e-mails, mensagens e documentos trocados com Fernandes; 3)- Comprovantes de pagamentos; 4)- Cópia de eventuais contratos celebrados com o empresário; 5)- E até o e-mail pessoal de Fernandes.

R$ 7,7 milhões

A grande bomba é o valor reservado para Fernandes no contrato: 1,2 milhão de euros (R$ 7,7 milhões). O montante consta como remuneração pelo papel do empresário na costura do acordo com o ex-técnico do Real Madrid. Detalhe: ele só poderá receber essa quantia, segundo nota oficial, após obter registro como agente junto à CBF.

Mesmo assim, o pagamento acordado já é motivo de indignação nos bastidores — especialmente entre agentes licenciados e empresários tradicionais do futebol. O temor é que se abra um precedente perigoso: o da oficialização de atravessadores milionários sem credenciais formais.

Riscos para a CBF

Apesar da gravidade do questionamento, a contratação de Ancelotti não corre risco de ser anulada. Sua estreia está mantida para o dia 5 de junho, contra o Equador, fora de casa, pelas Eliminatórias. No dia 10, a Seleção enfrenta o Paraguai, em São Paulo.

A CBF, em nota, alegou que os termos da contratação têm cláusulas de confidencialidade e foram firmados pela gestão anterior. A atual direção, liderada por Samir Xaud, afirma que está reavaliando o caso internamente, com apoio da área de governança.

Quem é Diego Fernandes?

Embora desconhecido do grande público, Fernandes é figura conhecida nos bastidores esportivos — e sociais. Atua no mercado financeiro, especialmente em operações de câmbio e investimentos para atletas. Já prestou serviços a jogadores, treinadores e circula com desenvoltura em eventos de luxo, como Fórmula 1, UFC e até no Festival de Cannes.

Em seu Instagram, aparece ao lado de figuras como Ronaldo Fenômeno, Vinicius Junior, Raí e o presidente do São Paulo, Julio Casares. No dia da chegada de Ancelotti ao Brasil, ele posou ao lado do treinador em frente ao avião e foi visto na primeira fila da coletiva de apresentação.

Segundo sua assessoria, Fernandes atuou como “consultor” e está respaldado contratualmente. Alega ainda que só receberá qualquer valor após obter a licença de agente, em conformidade com os regulamentos.

Por que isso importa?

O episódio escancara um problema crônico da CBF: a opacidade nos bastidores e a facilidade com que personagens informais circulam em negócios milionários envolvendo o futebol brasileiro. Com a FIFA no encalço e os empresários do setor em alerta, a questão Diego Fernandes pode ser apenas a ponta do iceberg de uma gestão que ainda convive com as sombras da informalidade — mesmo nas transações mais estratégicas e valiosas.

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