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Senado impõe limites às “bets” — e os grandes clubes entram em desespero

Uma nota assinada por nove clubes da Série A — incluindo Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Atlético-MG — fala em um possível “colapso” do ecossistema do esporte

Marcondes Brito

29/05/2025 5h52

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Reprodução

O Senado aprovou nesta quarta-feira (28) um projeto que impõe restrições à propaganda de casas de apostas no esporte brasileiro. A proposta proíbe o uso de atletas e artistas em campanhas, veta anúncios em estádios que não tenham naming rights ou patrocínio oficial e promete mudar o jogo no futebol nacional. Antes mesmo da votação, os clubes já haviam reagido em coro: divulgaram uma nota conjunta implorando por “piedade” dos senadores.

O texto, assinado por nove clubes da Série A — incluindo Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Atlético-MG — fala em um possível “COLAPSO” (em maiúsculas mesmo) do ecossistema do esporte, caso a publicidade das “bets” seja restringida. O tom beira o apocalíptico. Mas revela, acima de tudo, um fato incômodo: o futebol brasileiro virou refém do dinheiro das apostas.

Hoje, quase 100% dos times da Série A estampam ao menos uma marca de bet na camisa. E a relação vai além do simbólico. O presidente do Corinthians, Augusto Melo, caiu nesta semana após uma crise mal explicada com a Vaidebet, empresa do setor. No Flamengo, o tradicional patrocínio do Banco de Brasília (BRB) foi engolido pelo valor oferecido pela Pixbet, que multiplicou por três ou quatro o aporte anterior. Já o Palmeiras, que por anos sustentou o maior patrocínio do país com a Crefisa — empresa da própria presidente Leila Pereira — abriu mão desse vínculo em nome do dinheiro das apostas.

É compreensível que os clubes, especialmente os menores, se preocupem com a saúde financeira diante da nova legislação. Mas a nota conjunta parece mais uma chantagem emocional do que uma defesa realista do futebol. Como bem lembrou o relator do projeto, senador Carlos Portinho (PL-RJ), o futebol brasileiro funcionou por décadas sem esse tipo de receita. A pergunta que permanece é: como os clubes chegaram a esse nível de dependência? Onde estão os planos de sócio-torcedor robustos, as estratégias de marketing inovadoras, a gestão profissional?

A bola agora está com a Câmara dos Deputados — e com os próprios clubes. A era da bonança fácil das “bets” pode estar com os dias contados. E quem não se preparar para isso, vai continuar jogando no escuro.

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