Levar uma comédia brasileira para o cenário israelense já é, por si só, um movimento ousado. Mas Cris D’Amato faz mais do que isso em “Viva a Vida”. Com roteiro de Renata Klein, o filme parte de um humor leve para explorar inquietações femininas e existenciais, criando um diálogo entre gerações e culturas. A produção, idealizada por Julio Uchoa, poderia facilmente ter seguido um caminho seguro, mas optou por um olhar mais atento às angústias de suas personagens.
O filme acompanha Jessica e Rava, duas mulheres que, em idades e contextos distintos, buscam respostas para seus dilemas internos. A proposta de ambientar a história em Israel não apenas expande a narrativa para um território pouco explorado pelo cinema brasileiro, como também oferece um cenário repleto de significados. Em meio às incertezas da vida, o filme aponta para a importância da troca, do afeto e da reflexão, sem se perder no escapismo raso.

Cris D’Amato, conhecida por seu domínio da comédia popular, demonstra aqui um desejo de ir além. Se antes seus filmes se ancoravam no ritmo acelerado e nas situações cômicas desenfreadas, em “Viva a Vida” há espaço para pausas e silêncios reveladores. A cineasta não abandona o tom leve, mas permite que as camadas mais introspectivas de suas personagens aflorem. Thati Lopes, no papel de Jessica, entrega uma atuação que equilibra bem o humor e a melancolia, sustentando os conflitos internos da protagonista com naturalidade.
Outro ponto de destaque é a presença de Regina Braga e Jonas Bloch. Mais do que um casal de veteranos brilhantes, os dois conferem ao filme uma energia renovada, demonstrando que a maturidade não deve ser vista como um limite, mas como uma possibilidade infinita de redescobertas. Suas atuações são carregadas de ternura, e a química entre eles reforça a força do cinema como espaço de encontros genuínos.

Conclusão
O maior mérito de “Viva a Vida” está em sua abordagem sensível sobre a liberdade feminina. O filme reconhece que, mesmo em 2025, mulheres de diferentes idades ainda precisam reivindicar espaços, desejos e sentimentos. D’Amato e Klein não romantizam essa jornada, mas a transformam em um convite à autonomia. A mensagem final é clara: viver plenamente é um direito, não um privilégio. E, acima de tudo, é uma escolha que deve ser feita sem culpa.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Cris D’;
Roteiro: Renata Klein;
Elenco: Thati Lopes, Rodrigo Simas, Jonas Bloch, Regina Braga;
Gênero: Drama, Comédia;
Duração: 100 minutos;
Distribuição: Elo Studios;
Classificação indicativa: 12 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z