A Fórmula 1 adicionou ”um novo desafio” à disputa do Grande Prêmio de Mônaco deste ano, ao introduzir como regra dois pit stops obrigatórios para a corrida realizada no domingo.
Além disso, os pilotos tiveram que usar pelo menos três jogos diferentes de pneus.
A ideia era de que a mudança injetasse mais emoção à prova que acontece nas ruas estreitas e sinuosas de Monte Carlo, onde as oportunidades de ultraagem são remotas em uma corrida tradicionalmente marcada por apenas uma parada nos boxes.
E a “solução” encontrada para apimentar a corrida, na prática trouxe mais problemas e azedou o humor das equipes, dos pilotos e também do público que esperou assistir algo bem diferente daquilo que desenrolou no belo e requintado traçado do Principado.
Nem foi preciso esperar terminar o GP para sentir que as novas regras de pit stop não proporcionam o efeito desejado.
A situação pouco mudou em relação à etapa de 2024, onde o piloto da casa, Charles Leclerc, venceu a corrida em que a ausência de ultraagens deixou o top 10 inalterado após uma bandeira vermelha no início.
Este ano, o GP de Mônaco transcorreu do início ao fim com apenas um safety car virtual, brevemente acionado após nosso representante Gabriel Bortoleto, da Sauber, bater nas barreiras na primeira volta, dar ré e retornar à pista.
E as equipes até procuraram arquitetar um jogo de estratégia para as duas paradas, mas isso também não mudou muito a corrida como um todo — especialmente para os líderes, que terminaram na mesma ordem em que partiram do grid atrás de Norris. O qual, por sinal, também venceu ao largar da pole.
Assim, as críticas aos novos regulamentos não foram poupadas. “Claramente a ideia das duas paradas não funcionou”, disse George Russell, da Mercedes.
Carlos Sainz, diretor da Associação de Pilotos de Grande Prêmio, afirmou que a corrida foi manipulada pelos pilotos com a redução de ritmo e pede mudanças urgentes no regulamento. Ele espera que os pilotos ofereçam sugestões. Caso contrário, propõe que a FIA ajude a debater ideias, levando em conta que ajustes de traçado são difíceis nas ruas estreitas de Monte Carlo, e então uma abordagem diferente continua sendo necessária. Inclusive porque a etapa vai permanecer no calendário até 2031, conforme contrato renovado em novembro ado.
O atual campeão mundial, Max Verstappen, foi outro a dizer que as regras não conseguiram acertar o alvo.
“Você não consegue correr aqui”, disse ele, que cruzou a linha de chegada em quarto lugar, também na mesma posição de onde largou.
“Não importa se você fizer uma ou dez paradas. Eu poderia ter feito quatro pit stops e ainda assim terminar no mesmo lugar. Mas Mônaco é assim. A classificação é muito importante. Normalmente, se não acontecer nada de errado, você não muda de lugar. E foi exatamente isso que aconteceu hoje”.
Mostrando mais uma vez o seu humor ácido, o tetracampeão concluiu: “honestamente, parecia que estávamos brincando de Mario Kart“, disse ele, referindo-se ao famoso jogo de videogame desenvolvido pela Nintendo. “Então temos que instalar umas peças no carro e talvez a gente possa ir jogando bananas pela pista”, brincou.